Crítica: "Clandestinos"


Se o assunto aqui fosse artes plásticas, o melhor clichê para falar de “Clandestinos” seria aquele da “tensão entre os materiais”. É que o programa mistura linguagens. Na estreia, teve um pouco de farsa (nas cenas em que Adelaide de Castro deixou para trás a cidade natal), de puro realismo, e de fantasia.
O trançado de linguagens, entretanto, não caiu no exibicionismo estilístico. Foi, ao contrário, uma leitura acertada do texto que gira em torno de um grupo de aspirantes a atores. No primeiro episódio, tudo era um grande teste. Com isso, o programa estabeleceu duas expectativas paralelas: a do espetáculo e a do passo a passo de sua construção.


“Clandestinos” reuniu o talento de Guel Arraes e João Falcão e um elenco muito, muito promissor mesmo. Neste primeiro episódio, destacaram-se Adelaide de Castro, Elisa Pinheiro (a produtora) e as gêmeas Giselle e Michelle Batista.


O texto (de Guel, João Falcão, Jorge Furtado e Adriana Falcão) é ao mesmo tempo tão requintado e sem presunção que não teme diálogos ingênuos como o do diretor com a produtora sobre “apego material”. Faz parte dessa grande composição.

Na sua brincadeira de constrastes — essa “tensão entre materiais” na sua versão televisiva — “Clandestinos” se deu muito bem.

(Patrícia Kogut)

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