A máxima televisiva “esta é uma obra de ficção e qualquer semelhança com nomes, fatos ou acontecimentos terá sido mera coincidência” deve ser seguida à risca para a minissérie global "O Brado Retumbante", que estreou nesta terça-feira (17/01/2012). Mas é impossível ficar imune a tantas referências com a realidade. Mesmo quando disfarçada de um “Brasil fictício”, ao que a atração se propõe – em que, por exemplo, a sede do governo foi transferida de Brasília de volta para o Rio de Janeiro.
A TV brasileira já apresentou várias críticas ao Governo e governantes de nosso país, recheadas de metáforas com a realidade – O Salvador da Pátria, Que Rei Sou Eu?, Vale Tudo, O Bem Amado, Roque Santeiro, O Rei do Gado. Mas nunca se escancarou tanto uma realidade disfarçada de ficção como na trama de "O Brado Retumbante", com personagens tão parecidos com os da vida real, em aparência ou atitudes – como os políticos e jornalistas que cercam o presidente protagonista.
O produto final é de uma qualidade inquestionável. A fotografia, a linguagem moderna e a temática remetem a alguns seriados da TV americana. Mas é no texto de Euclydes Marinho e seus colaboradores – Nelson Motta, Denise Bandeira e Guilherme Fiuza – que está o maior mérito da minissérie. Diálogos ágeis, irônicos, repletos de frases feitas, mas ácidas, com referências à história moderna de nosso país.
A direção segura – de Gustavo Fernandez em núcleo de Ricardo Waddington – prioriza o texto e valoriza a atuação dos atores. Domingos Montagner e Maria Fernanda Cândido apoiam-se em um elenco de coadjuvantes forte e interessante. Montagner vive o deputado Paulo Ventura, que vira Presidente da República da noite para o dia – literalmente – e tenta lidar com todas as consequências que isso lhe acarreta.
A audiência não correspondeu à qualidade da atração. "O Brado Retumbante" ficou poucos pontos acima do segundo lugar, o blockbuster A Hora do Rush 2 apresentado pelo SBT. Nesses tempos em que a “nova classe C” dita a programação da TV e comanda a audiência, é sempre bom festejar produções voltadas para um público “diferenciado”.
Nilson Xavier
Pelo amor de Deus, meu amigo... como é que você tem coragem de elogiar uma obra medíocre como essa minissérie. Ao contrário do que você coloca no seu blog, é justamente no texto que se encontram os maiores furos da série. Um exagero infantil nos fatos que compõem a trama e uma idealização exacerbada dos personagens. É ridícula a forma como foram concebidos os ardis do rival político do presidente. Não consigo pensar em outro adjetivo... infantil, é isso, somente uma mente muito limitada e infimamente politizada poderia conceber os fatos dessa forma. Um atentado à vida do presidente NO BRASIL????
ResponderExcluirA transferência da sede do governo para o RIO DE JANEIRO???
Por favor!!! Eu sabia que havia cariocas sequelados com a transferência da capital... Mas isso é deselegante!!! É meninice!
Tem mais! Iniciativas de leis para moralização do serviço público bancadas pelo presidente (quando na real o que se faria é uma MP).
É demais... é lamentável que a política em nosso país seja idealizada de forma tão limitada.