Fiquei surpreso com Araguaia. Apesar das chamadas pouco atrativas e da sinopse idem, o primeiro capítulo foi mais interessante e equilibrado do que esperava, além de bem-produzido e bem-atuado. Nada aquém do que se pode esperar de uma novela da Globo, não é?
Wálther Negrão é um autor de talento controverso: utiliza argumentos simples e manjados para construir roteiros agradáveis, cuja leveza e graciosidade vão cativando o telespectador bem mais do que o enredo em si - vide seus trabalhos em Era Uma Vez... (1998) e Como Uma Onda (2004). Essas características puderam ser observadas na estreia de ontem, tal como grandes atuações que prometem fazer a diferença no decorrer da trama. Diversos personagens, principais e secundários, foram apresentados ao público, e intérpretes como Regina Duarte (Antoninha), Lima Duarte (Max Martinez), Edson Celulari (Fernando) e Thaís Garayp (Terê Tenório) imprimiram brilho e carisma à nova atração das seis. A escolha dos temas tratados também parece acertada, como a questão trabalhista, envolvendo Max Martinez e o galã Solano (Murilo Rosa) em frentes opostas.
Entretanto, nem tudo foram flores. O capítulo pecou por focar menos os protagonistas românticos, como Manuela (Milena Toscano), Solano e Vítor (Thiago Fragoso), em prol de introduzir os núcleos secundários. O primeiro encontro entre Manuela e Solano, por exemplo, deu-se praticamente na última cena do capítulo. Faltaram amarras melhores ao roteiro, até pelo excessivo destaque conferido às paisagens do Araguaia, que provavelmente prejudicou o desenvolvimento do episódio. Além disso, Milena Toscano e Cleo Pires (a vilã Estela) ainda não me convenceram em seus papeis, sobretudo Cleo, que apareceu bem mais.
Pese prós e contras, a verdade é que este primeiro episódio mudou minha pré-concepção de Araguaia. Creio que pode, sim, vir a se transformar numa boa novela sem dificuldade. A ver o que Wálther Negrão nos aguarda...
(Felipe Brandão)
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